Ponente
Descripción
Para analisar a situação dos países latino-americanos no atual momento do imperialismo – o neoliberalismo –, é cada vez mais indispensável considerar os traços do capitalismo dependente. O desenvolvimento das relações capitalistas, embora tenha características universais, possui particularidades que não devem ser desconsideradas, de modo que entender a dinâmica do mercado mundial na atualidade envolve, dentre outras coisas, considerar o papel da América Latina no processo de produção de valores. Assim, o objetivo deste artigo é analisar a relação entre financeirização, transferência de valor e superexploração da força de trabalho no neoliberalismo. Para tanto, buscaremos situar a discussão integrada a uma reflexão sobre o imperialismo e os desdobramentos sobre as relações de dependência que se constituem em seu bojo. Especialmente em momentos de crise e de busca pela sua superação, os mecanismos de transferência de valor, ao funcionarem como uma dimensão constitutiva da dependência, atuam como um dinamizador das relações capitalistas no centro. Por neoliberalismo entendemos o momento do capitalismo em que se inaugura o projeto burguês de dominação empreendido para resolver a crise dos anos 1960/70. Trata-se de uma etapa marcada, dentre outras coisas, pelo avanço nas modalidades de transferência de valor, possibilitando levar a um novo patamar a exploração dos trabalhadores do Sul pelos capitalistas do Norte. As dimensões do processo produtivo neste contexto sustentam uma intensificação dos fluxos financeiros e inauguram a financeirização do capital. Este fenômeno, caracterizado por estabelecer uma nova relação entre produção e finanças, acaba por ampliar as bases de extração de mais-valor e intensificar as disputas pela sua apropriação. Com isso, são proporcionadas condições para, no bojo de tantas e tão variadas formas de violência, sustentar a superexploração, a expropriação e formas de dominação e opressão de gênero, raça, etnia e orientação sexual, que afetam de forma muito significativa as condições de vida da classe trabalhadora. Por meio destas condições, revigoram-se as possibilidades de apropriação extremamente concentrada da riqueza produzida. A intensificação dos investimentos externos nos países dependentes é fruto dos estímulos criados pelas possibilidades de superexploração da força de trabalho e se desdobra em transferência de valor via remessas de lucros, royalties, dividendos e etc. Por esse caminho, os investimentos permitem a apropriação, pelo centro, de parte expressiva do valor gerado na periferia, aprofundando a dependência e criando novos mecanismos para perpetuar o desenvolvimento desigual.
Forma de participación | Presencial |
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